A percepção do bebê sobre relações de poder: ele identifica o lado mais fraco
Mesmo durante a primeira infância, o bebê está apto a identificar relações de poder, afetividade e hostilidade entre pessoas.
Mesmo durante a primeira infância, o bebê está apto a identificar relações de poder, afetividade e hostilidade entre pessoas.
Mesmo durante a primeira infância, o bebê está apto a identificar relações de poder, afetividade e hostilidade entre pessoas. Estudo feito pela Universidade de Washington concluiu que, a partir dos 17 meses, a criança já sabe identificar quem é o lado mais forte em uma relação.
A pesquisa avaliou a reação de 80 bebês que observavam dois fantoches interagindo em vídeos curtos. Eles foram capazes de perceber que havia um dominante — geralmente a pessoa que gritava ou agia de forma mais agressiva. As conclusões foram tiradas após analisar o movimento dos olhos das crianças, que acompanhava sempre a pessoa com mais poder. O estudo também concluiu que os bebês esperavam que o dominante na relação recebesse algum tipo de recompensa ou vantagem.
A pedagoga e mestre em Educação Rosana Auricchio reforça que o bebê sabe identificar quem manda dentro de uma relação, geralmente observando aquele que grita ou se coloca de maneira grosseira. “Não é isso que devemos ensinar para o bebê. Mas é isso que ele vai aprender se crescer em um ambiente onde existe esse tipo de conduta”, afirma.
De acordo com a especialista, o nível de percepção varia de bebê para bebê e também depende da idade. A criança estimulada desde cedo é capaz de perceber melhor as relações que se estabelecem a sua volta. “Quando os pais conversam com a criança desde a gestação e a acolhem em um ambiente tranquilo, ela já reconhece ambos a partir dos três ou quatro meses. Ainda não percebe relações de poder, mas sabe quem são as pessoas que a rodeiam”, explica.
Conforme a criança vai crescendo, é importante educá-la de forma a entender que existe uma hierarquia e deve obedecer os pais. Por outro lado, deve enxergar a relação entre os adultos como uma relação de igualdade, sem que haja um dominante. “Na relação entre mãe e pai, ninguém deve ter mais poder. É preciso criar uma harmonia para que a criança entenda que isso é positivo. Muitas vezes, a mãe é a principal responsável pela criança e, para compensar sua ausência, o pai acaba sendo mais permissivo”, diz. Dessa forma, quando crescer, a criança poderá aprender a mentir, a manipular e até se tornar egocêntrica. Afinal, sabe que quando agir mal ou tiver um pedido recusado, basta recorrer ao lado mais fraco da relação para conseguir o que deseja.
Além disso, se a criança cresce em um ambiente negativo, no qual prevalecem brigas, discussões e violência, vai entender que para ser recompensada, é preciso agir com brutalidade ou grosseria. Portanto, agir com violência com o pequeno — ou na frente dele — é uma conduta a evitar. Estabelecer sistemas de troca para que se comporte bem, ou permitir que tenha o que deseja após agir de forma agressiva ou desobediente, também é ineficiente.
O ideal é conversar com a criança desde cedo, explicando o que é certo e errado. Demonstrar que está preocupado com seu bem-estar e com as suas relações interpessoais. Assim, estará mais preparada para trabalhar em equipe e, quando for contrariada, sua frustração será menor.
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