A Organização Mundial da Saúde pretende elevar as taxas de aleitamento materno de 41% para 55%
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o bebê deve ser exclusivamente amamentado até os seis meses de idade. No entanto, tal recomendação oficial não é devidamente adotada no mundo todo. Cerca de 41% dos bebês são alimentados apenas com leite materno durante esse período, taxa considerada baixa.
Para revertê-la, a OMS incluiu a amamentação em suas metas globais de nutrição. A Organização planeja elevar as taxas mundiais de aleitamento materno para 50% até 2025, pois acredita que a medida poderia salvar a vida de mais de 820 mil crianças com menos de cinco anos, além de 20 mil mulheres a cada ano.
“Em alguns países da Europa, as taxas chegam a 56%. Já no Brasil e em outros países da América Latinas, os indicadores são mais baixos, girando em torno de 40% e 50%”, diz a pediatra neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana (São Paulo), Clery Gallacci. Para a especialista, estabelecer a meta é, ao menos, forma de estimular a amamentação principalmente em países mais pobres, onde os indicadores são baixos em comparação aos desenvolvidos.
Mas, de acordo com Clery, a meta é ambiciosa. Para alcançá-la, é preciso investir sobretudo no envolvimento profissional, entre profissionais de saúde e suas pacientes, e nos aspectos culturais e educacionais relacionados ao aleitamento materno. “Mulheres devem ser informadas sobre a importância da amamentação para seus filhos. Pode-se falar, inclusive, sobre o aspecto econômico para toda a família, pois o aleitamento promove melhor saúde para o bebê e, portanto, reduz os gastos”, afirma.
Não é só a família que perde economicamente quando o bebê não mama no peito. A economia dos Estados também. Segundo a OMS, países perdem até $300 bilhões por ano por causa de baixas taxas de amamentação.
Como atingir a meta ambiciosa da OMS
Para atingir a meta, a OMS listou uma série de medidas a serem tomadas. A primeira delas, considerada uma das principais por Clery, é incentivar a licença-maternidade e mais políticas públicas que deem suporte à mulher nos seis primeiros meses de vida do bebê. A amamentação em público e no local de trabalho também deve ser incentivada, para que a mãe se sinta confortável em dar o peito em qualquer local e, portanto, não abandone a prática precocemente.
Outra medida sugerida pela Organização é o fortalecimento de hospitais e maternidades para aprimorar o suporte à mãe. “A amamentação tem vários momentos: é preciso informar a paciente antes de engravidar, durante a gestação, ao nascer e depois, no segmento ambulatorial pediátrico”, diz a especialista. “Portanto são várias fases. Para que a amamentação seja mantido, deve-se ter um segmento pediátrico preparado”, completa.
Além do fortalecimento do sistema de saúde, é preciso criar políticas públicas para manter as mulheres informadas sobre a importância de amamentar. Deve-se, assim, reforçar a ideia de que o leite materno é o melhor alimento para o bebê em todos os sentidos.